quinta-feira, 4 de outubro de 2012

TEXTO Nº06 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA 
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira


Após o término da greve das universidades federais em todo País, no dia 01/10/2012 voltamos às atividades no grupo de estudos de Educação Somática na Dança. Profº Saulo conversou com a turma e redefiniu os objetivos do projeto de extensão à adequação ao novo calendário de aulas (em atraso).

Durante a conversa na roda ele nos perguntou, de acordo com o que já havíamos experimentado das atividades físicas de educação somática em nosso corpo, como e onde essas práticas e conhecimentos estavam nos influenciando em nosso fazer e pensar durante nosso processo individual de criação artística. Todas as falas seguiram esse caminho.

No meu caso, desde o primeiro dia das praticas somáticas meu corpo (soma) respondeu de imediato! O bem estar e a energia gerados em meu psicofísico duravam praticamente a semana inteira. Eu me sentia revigorada e em contato com minha Energia Vital na integra. Porém, esses resultados foram desembocar não no meu processo artístico e sim nas minhas relações interpessoais; não era esse meu foco, mas identifiquei que as coisas estavam indo nesse rumo, então não interferi. Até aí tudo bem...

Entretanto, o que me surpreendeu mesmo foi perceber onde o conhecimento somático foi interferir em meu processo artístico! Eu passei três dias organizando uns insights que eu tive sobre meus estudos individuais acerca da linguagem cinematográfica. Eu havia finalizado e postado esse texto no meu blog de cinema minutos antes de eu ir para aula de profº Saulo.  E durante as falas dos participantes e mais do profº, veio-me outro insight...

Pois bem, para se compreender meu recente insight sobre onde o conhecimento somático influenciu no meu fazer artístico, necessário se faz descrever brevemente quais são, a priori, as consequências benéficas na compreensão da construção do conhecimento individual e coletivo dentro do universo da abordagem somática.

A Educação Somática é um campo de estudo teórico e prático onde são utilizadas ferramentas de estímulos corporal e psíquico (este ultimo desencadeado pelo primeiro) para que através da EXPERIENCIA o indivíduo edifique o entendimento sobre si, sobre o outro e sobre o mundo para a construção do conhecimento.

Essa experiência individual e intransferível abrirá caminho para que o sujeito alcance uma liberdade de escolha. “Parece tranquilo saber escolher”, alguns pensariam. Mas se deve compreender que a massa é educada para seguir o padrão e vivemos numa sociedade em 3ª Pessoa, onde a 1ª Pessoa pensa e age através do que a 3ª Pessoa manda... então virá o discurso antropológico que diz que a vida em sociedade é regida por leis e ações do coletivo... sim, concordo, mas acredito que quando essa coletividade tolhe a possibilidade dos indivíduos conhecerem outros caminhos para se chegar a um denominador comum, emerge algo chamado censura e/ou controle.

Na abordagem somática na construção do saber abre-se espaço para exploração de caminhos possíveis para o entendimento, acontece a queda do condicionamento. Assim, o individuo descobre que ele pode aprender algo de diferentes maneiras, e dessa descoberta sobre si este mesmo individuo percebe que ele pensa e é capaz de se autoconhecer.

A este individuo foram entregues dados e ferramentas e possibilidades para que ele sozinho possa juntar o quebra-cabeça, as coisas não lhe foram entregues ‘mastigadas’. E a trajetória de como montar o quebra-cabeças torna-se mais importante do que a peça montada. Alguns talvez se perguntem: “mas pra quê perder tempo experimentando se já existe um caminho que todos sabem que vai dar certo?” a resposta é simples: não somos robôs, nem mais homo sapiens na selva pré-histórica; as aptidões e percepções são diferentes de individuo para individuo, essa valorização individual é que gera a inclusão e compreensão (da)na diversidade. O condicionamento aprisiona e gera (pré)conceitos, intolerâncias.

Depois que me tornei adulta e muito depois de passar pela faculdade, eu compreendi meu ódio e repulsa pela Academia. Esta não é ruim, o que matava meu interesse pela escola (e não pelo saber) era o academicismo... porque condicionava tudo a uma formula onde os  componentes não podem sair do lugar comum. Não se pensa, nem se reflete sobre o quê nos é ‘ensinado’, sai-se da faculdade adestrado... Felizmente isto já está mudando, porém ainda requer passos mais largos.

“Que discurso bonito, mas na vida isso não funciona!”, diriam alguns... funciona quando o (auto)conhecimento faz com que o individuo opte por outras atitudes em prol de seu bem estar e isso se reflete indubitavelmente no bem estar coletivo. Abrem-se outras percepções sobre o que realmente é importante, é a valorização do SER e não do ‘ter’. E a sociedade vai sendo formada por pessoas mais dinâmicas, criativas, sensíveis, humanizadas. Para o capitalismo selvagem isso não é tão bom, porque o retorno de lucro não será imediato, dentre outras coisas... (mas isso é outra discussão).

Pois bem, de posse desta breve introdução básica, agora descrevo aonde a educação somática tornar-se presente em minhas atividades artísticas. Em sala de aula, expliquei (bastante surpresa) a prfº Saulo, onde eu estava aplicando os princípios da educação somática de forma bastante eficiente: durante o repasse do conhecimento pratico em realização para o audiovisual. Que incrível!

Há quase dois meses participo de um coletivo de cinema, onde estou auxiliando na realização do projeto de um dos componentes, as pessoas do grupo sabem pouco sobre a linguagem e procedimentos para a realização de um filme. Fui convidada pelo coletivo para dar umas dicas sobre o assunto. Então, aproveitando a oportunidade, resolvi experimentar uma abordagem de repasse do conhecimento respeitando os princípios da educação somática. Os resultados são os melhores possíveis, tanto para o grupo quanto para mim que participo dele. Ao final da realização desse projeto pretendo escrever sobre essa experiência. Sinto-me mais estimulada para realizar algo quando se tem a possibilidade de experimentar novos caminhos. Sem duvida a Educação Somática é o futuro.


03 de outubro de 2012
00h00
*ouvindo ininterruptamente “Monte Castelo” – Legião Urbana; é um excelente mantra.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TEXTO Nº05 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira

 O encontro do dia 23/04/12 iniciou com o grupo organizando, em conjunto, os tópicos para um futuro seminário sobre a educação somática na prática da dança; linkamos e dividimos os tópicos entre os participantes; depois relembramos o assunto do encontro da semana passada. Fomos para a prática.

A ênfase do relaxamento através da respiração conectada ao movimento do corpo foi novamente o convite para acessarmos nossa psique através da consciência dos movimentos, peso do corpo físico e sua relação com a respiração, abrindo caminho para chegarmos à conexão total.

Através dos exercícios desse encontro, eu acredito ter alcançado o ápice de meu relaxamento e fruição momentânea de meu inconsciente dentro das atividades do grupo. Após retornarmos da finalização dos exercícios práticos eu quis abrir para o grupo meu relato pessoal, pois realmente foi um relaxamento absoluto, até sai de meu corpo físico. Eu já havia experimentado tal coisa, porém através de estímulos diferentes (um foi por hipnose, outros através da pratica de Hatha Yoga). Entretanto, o que me surpreendeu foi a rapidez com que fluiu esse desdobramento.

A seguir vou relatar o passo-a-passo do que eu senti após a prática dos exercícios físicos:

a) Relaxamento e bem-estar a nível físico (corporal).

b) Conexão com o impacto físico dos movimentos anteriores (respiração e movimento do corpo), com a sensação (emoção) percebida pela compreensão cerebral (razão). Posso dizer que nesse estágio eu comungava a consciência total de mim.

c) Desprendimento de minha mente do meu corpo físico, entretanto eu continuava conectada e consciente de meu corpo físico deitado ao chão, mas eu permanecia em outra esfera de consciência, algo fora de meu involucro físico.

d) Não respondia aos comandos de profº Saulo, pois a sensação de bem-estar era maior do que a vontade de me mexer. Entretanto eu acompanhava todos os comandos através da audição, e não sei bem, mas mesmo de olhos fechados eu “via” meus colegas realizando os comandos que profº Saulo lhes dava.

e) Expansão de meu corpo físico a nível mental: sentia-me leve e ao mesmo tempo sentia-me totalmente ao solo da sala de aula, entretanto não era uma sensação comum entre massa x peso, e sim uma relação consciência do que eu sentia em relação a meu corpo. A razão me situava deitada ao chão com todo peso inerente à ação da atmosfera, mas minha psique me fazia sentir leve e expandir meu corpo como uma neblina suave e espessa que enchia toda a sala. Sentia como se minha massa corporal aumentasse, não como que engordando e ficando pesada, mas como se eu fosse uma espuma leve dessas de banheira que vai aumentando e preenchendo o espaço. Era uma sensação de bem-estar completa. Sentia-me em estado de felicidade interior.

Entretanto, houve um comando que profº Saulo proferiu que me fez ficar mais atenta. Ele nos pediu para ouvirmos nosso coração. Compreendi a metáfora para escutarmos nossas emoções... eis o ponto! Carrego imensa dificuldade de acessar meus sentimentos para as relações interpessoais mais intimas, reconheço que isso é devido ao histórico que carrego sobre o assunto: encontros ruins, péssimas lembranças, homens confusos, caos emocional, etc... realmente “ouvir meu coração” numa hora dessas é o mesmo que me pedirem algo do tipo: “pegue seu coração e o entregue ao primeiro canalha para ele massacra-lo novamente...”, automaticamente eu fico em “Alerta Vermelho”!

Durante algum tempo de minha vida eu estava desconectada de mim mesma. Eu sentia algo, mas demonstrava o inverso do que eu realmente sentia, e ainda pensava algo diferente do que sentia e demonstrava... ou seja, eu estava em pleno caos emocional e inconsciente de mim mesma. Atravessei um inferno em busca de equilíbrio, isso durou uns sete anos. Atualmente estou bem melhor e já consigo perceber certas coisas, porém, o pomo da discórdia ainda continua sendo meus sentimentos.

Normalmente eu os sinto (os sentimentos), os identifico e procuro agir e pensar conforme o que eles me mostram ser a harmonia interna. Mas quando se trata de eu “baixar guarda” vem o “Alerta Vermelho”. Ainda sinto medo de me relacionar com o sexo oposto. Sofri muito em relacionamentos problemáticos, e atualmente eu procuro dedicar-me mais aos assuntos vinculados à trabalho e à minha criação artística. Sei que isso não basta, e meu coração se manifesta, como atualmente vem acontecendo. Ainda assim, existe a opção da escolha: já consigo compreender a coerência entre o sentir e o agir; o sentir e deixar fluir e arcar com as consequências; e o sentir e procurar racionalizar isso para não me causar maiores danos mais a frente por uma escolha por impulso. Costumo observar bastante para não tomar nenhuma medida precipitada. Realmente ouvir meu coração é algo que não consigo deixar acontecer plenamente.

E como eu acredito que nada na vida acontece em por acaso, as aulas desse grupo de estudo estão em perfeita conexão com o que eu vivo na vida particular atualmente... Os exercícios práticos dos encontros sobre a educação somática estão reverberando, sobretudo, em minhas relações interpessoais cotidianas, que por sua vez repercute em minha produção artística e também com a manutenção de meu bem-estar e qualidade de vida.

Interessante sobre isso é linkar com o que discutimos no grupo no encontro passado acerca do texto Corpo Livre e Corpo Possuído, no que consiste à “couraça corporal”. Ainda há essa camada revestindo meu coração. Preciso confiar no outro, entretanto preciso me sentir segura para descartar essa camada ainda existente para meu coração voar e ser feliz plenamente como acho que qualquer pessoa deve ter a chance. Quando procurei conhecer o grupo de estudo de profº Saulo não foi com essa finalidade, porem é onde os exercícios práticos estão repercutindo mais. Preciso me libertar dessas lembranças ruins e traumáticas para acessar esferas de consciência corporal e psíquica que desobstruam os canais energéticos de uma vez por todas para meu corpo alcançar e manter sua totalidade. Precisava de ajuda, e o Universo conspira a favor. Preciso deixar-me apaixonar... mas que seja de forma integral e plena. Às vezes sinto como se a Vida estivesse me dando a chance de nascer de novo em diversas lembranças que revisito. Algo como redesenhar minha história para melhor e mais feliz.


25 de abril de 2012
23h39

TEXTO Nº 04 - Katiuscia

ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira



Palavras-Chave: reverberar; toque; mantras; movimento de ondas elétricas; EU interno/externo; couraça corporal; respiração e emissão de sons;

No encontro do dia 16/04/2012 lemos e discutimos o texto “Corpo Livre e Corpo Possuído” (Débora Bolsanello), que nos trouxe a reflexão sobre até onde somos influenciados pelo meio social para a construção e leitura externa de quem somos através da aparência de nosso corpo.

Foi um belo debate em sala, que também nos remeteu a outros desdobramentos, um deles nos favoreceu à compreensão de como nos revestimos de uma “couraça corporal” para nos mostrarmos à sociedade (atitude que às vezes nos impede de sermos nós mesmos), ocasionando conflitos entre sentimentos e atitudes, gerando o caos emocional e nas relações interpessoais, por vezes...

Após isso, profº Saulo iniciou conosco um exercício prático de relaxamento e escuta do nosso corpo através da respiração e emissão da voz. Esses exercícios me levaram a conexão com a prática de Mantras, utilizados em uma vertente do Yoga (que se chama Japa-Yoga ou Mantra-Yoga). Durante os exercícios de reconhecimento de nossa voz e também de sua repercussão interna em nosso corpo, imediatamente me veio a lembrança dos Mantras e suas finalidades.

Em sânscrito, MAN significa “mente”, e TRA aproxima-se da compreensão de algo como “controle ou instrumental”; não existindo uma tradução exata para a palavra, mas algo como “caminho para o domínio”, ou “liberdade”. Os Mantras podem ser compreendidos como uma espécie de oração dentro da cultura hindu, porém são utilizados também no zen-budismo e jainismo e em outras práticas de religamento com o Divino. Para algumas escolas, especificamente as de fundamentação técnica, Mantra pode ser qualquer som, sílaba, palavra, frase ou texto, que detenha um poder específico.

Um pesquisador chamado Blofeld, que estudou a fundo as culturas indiana e chinesa, atentou que não é necessário conhecer o significado das palavras proferidas. Alguns psicólogos ocidentais defendem que o Mantra possui uma energia sonora que movimenta outras energias que envolvem quem o entoa.

E durante os exercícios em sala de aula, ficou bastante claro para mim que determinadas vogais reverberam mais em determinadas áreas de meu corpo, e essa reverberação eu associei imediatamente a essas práticas do Yoga que auxiliam na desobstrução e ativamento dos centros de energia (Chackras). Profº Saulo também explanou sobre esses exercícios sonoros utilizados em algumas Religiões, como indutoras dessas energias adormecidas e para qual finalidade elas se projetam em nosso corpo, tais como no Candomblé que procura essa ativação através do reverberar de instrumentos de percussão (tambores, atabaques, agogôs, etc); já os monges normalmente utilizam os cânticos gregorianos.

A questão sobre esse tipo de ativação sonora utilizada em diversos rituais religiosos comunga com o tipo de ativação que se deseja alcançar, como atentou profº Saulo quando nos deu como referencia o exemplo citado: os tambores do candomblé que reverberam mais para acordar o corpo físico em detrimento ao lado mais mental/consciência do Ser. Ao contrário acontece com os Mantras e os cânticos gregorianos, cujas práticas originam os sons livremente de acordo com a inspiração e expiração do ar, onde não existe o compasso marcado por um som percussivo. O interessante da prática deste dia foi eu confirmar o que eu já compreendia sobre meus sentidos. O toque físico me faz ficar mais atenta e ao mesmo tempo mais relaxada ao que eu percebo através da audição ou visão. Sou bastante sinestésica, sensível ao toque físico, percebi isso através de minhas praticas em dança contemporânea.

O ponto das aulas práticas de Professor Saulo é compreender a relação da respiração com nosso Espirito ou Alma, algo semelhante como o que o sangue é para o corpo físico.


20 de abril de 2012.
09h20.

TEXTO Nº 03 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira



O Desenrolar do Sono...

Então o jardim adormecia e aos poucos os diversos galhos iniciavam uma travessia para que as folhas pudessem deslocar-se de galho para galho em diferentes direções, ora escorregavam, ora rolavam-se e torciam-se. Ao descobrirem o enigma, tudo ficava para dentro de si apenas. Entretanto, em outro momento da viagem, as folhas dos galhos puderam-se tocar e reconhecerem-se através de outras cores. Respiravam no outro e pelo outro, estavam uns nos outros agora; e a serpente caminhava pela diagonal, própria aos invertebrados...

Quando a semente ainda dormia no subsolo, o aquecimento frontal fervilhava nas ancas das terras. E o vento marinho começava a aproximar-se dos pulmões da terra pela superfície: precipitou-se um esboço de redemoinho e este veio a formar-se precisamente muitas horas depois. A poeira eriçava-se! A tempestade desabava ferozmente derramando sobre o chão, inúmeros raios de eletricidade. Todo o lugar ficou em alerta físico, e os pensamentos fluíam com aquelas descargas frenéticas da tempestade de raios.

Duas raças diferentes estavam por se comunicarem. E isso aconteceria através dos olhos e das mãos umas nas outras – um eclipse. E o céu inundou-se de lentidão, e eu pude caminhar pausadamente e ver coisas que a velocidade nunca me deixava ver antes. Mergulhei nos oceanos... meu corpo feito de eletricidade dos céus e das tempestades secava os mares. Mas meu corpo continuava cada vez mais quente e velozmente eletrocutado. E ninguém conseguia tocar em mim...

Quando silenciou lá fora, com o céu em negrito, a luz que sobrevinha de minhas flores eram tão radiantes que cegavam todos e ninguém nem me via ou saberia que uma árvore estivesse nascendo sobre as terras aventureiras daquelas nações erguidas sobre o mundo. Mas seria aquela energia que estabeleceria a comunicação através de uma única palavra e sentimento: LIBERDADE. Não havia mais hemisférios. O que antes era mundo conhecido, agora estava sendo remodelado, como um catarro viscoso descolando-se dos pulmões antes doentes, agora em chamas.

Seu liquido evaporava-se pelo calor interno, desse modo o que era folha escorregando-se de galho para galho, tornava-se um enigmático vaga-lume a voar pelo nevoeiro. Quem via, via... quem não via, achava que fosse uma miragem apenas. Essa foi a passagem secreta que atravessei rastejando; crescendo e encolhendo; escorregando de mãos em mãos. No fim desta permaneci diversos dias em eletricidade, a serpente subia e descia vagarosamente pelo meu tronco, despejando o líquido em minhas raízes, fertilizando meu Todo.


09 de abril de 2012
23:08h

TEXTO Nº2 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira

Palavras-chave: Respiração Total, Movimentos, Centro Cerebral, Consciência Expandida.

“A respiração norteia meus movimentos/ corpo e movimento/ motivação sonora externa/ centro cerebral/ camadas de consciência/ cabeça-energia-respiração/ equilíbrio-lembrança corporal/ memória emotiva-confiança/ estado de brincadeira-fruição/ labirinto de mim\”.

Cheguei bastante atrasada neste dia, as atividades físicas já haviam sido iniciadas. Os exercícios de respiração juntamente com os de movimento foram me relaxando, como de costume. A intenção era nos fazer perceber que a respiração adequada relaxa o corpo e também aciona os movimentos de maneira integral, conferindo impulso à ação corporal sem que o indivíduo exerça uma força exagerada, desse modo o movimento acontece com vigor, porém com o corpo relaxado, sem tensões desnecessárias, deixando a atenção do atuante livre para ele dedicar a outros pontos. Nos exercícios utilizamos a RESPIRAÇÃO TOTAL, utilizada nos exercícios do Yoga, para otimizar a circulação do PRANA no corpo físico.

Após esse aquecimento, partimos para a localização do osso que liga os lados do quadril. Aquecemos essa área com movimentos de quadril, em seguida através de exercício em dupla, fomos aumentando o reconhecimento e ação nesta área energética, que em leituras outras, essa região é responsável por despertar e acionar a Energia Kundalini, segundo a cultura hindu essa energia vital e poderosa adormecida nos humanos, ela é acionada para que esse poder adormecido possa desenrolar através da coluna cervical dando passagem aos sete chakras (centros de energia) principais, promovendo a ascensão dessa energia até o topo da cabeça, onde reside o chakra espiritual, sendo analogia à “religação” do humano com sua espiritualidade ou consciência cósmica.

Na lenda hindu, a Kundalini é representada como a “serpente que dorme” enrolada ao inicio da coluna cervical que precisa acordar e chegar ao topo da cabeça para permanecer desperta, e após sua ascensão, essa energia poderosa não adormece mais, permanecendo em ligamento com todo o corpo físico e com a espiritualidade. Existem exercícios e meditações próprias do Hatha Yoga para esse despertar, normalmente combinados com exercícios de respiração total e movimentos na área correspondente ao quadril ou região do cóccix. O bem estar conferido é o revigoramento do organismo em sua saúde e equilíbrio psicofísico, equilíbrio do sistema nervoso e glandular.

Em particular, na aula deste dia as práticas que professor Saulo utilizou em sala abriram outros estímulos em meu cérebro através da audição. O instrutor colocou o som de um aparelho de batimentos cardíacos, esse som em particular acionou minha atenção para meu chakra Cardíaco. Acredito que essas sutilezas são propositais para nos instigar e atingir diversas camadas de consciência.

04 e 09 de abril de 2012.

TEXTO Nº1 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira



Palavras-chave: Holismo, Organismo Vivo, Descoberta Corporal, Estado Ativo.

A aula foi uma introdução ao estilo de ensino e desenvolvimento do corpo artístico para dança através do conceito holístico, que preferencialmente aborda a aprendizagem através do caminho em desenvolvimento que o aluno descobre para si mesmo e este caminho como sendo o mais importante para sua autodisciplina, autodescoberta e autoaprendizagem, cujo enfoque principal não é o produto final, tal como se acontecesse no método tradicional de ensino, aprendizagem e ensaio de dança, que gera uma coreografia única e imitável a um grupo de alunos de dança ou de uma companhia, por exemplo.

O conceito de Holismo prevê o total da Unidade Orgânica, que assume a realidade da soma das partes integrantes do todo em relação ao funcionamento adequado do corpo vivo, que no Homem é visto costurado através de sua Alma, Corpo Físico e Mente. Essa abordagem abre caminho para que o aluno de dança explore e conheça seu corpo não como sendo capaz de executar movimentos repetitivos e sim compreender o movimento através da trajetória do mesmo, culminando o “acordar” dos sentidos do corpo promovendo o estado de “estar desperto”, ou “estado ativo” do corpo. Eu diria que este estagio refere-se ao estado de atenção ao qual o artista interprete necessita para executar sua tarefa de palco (seja teatro ou dança).

Essa alternativa de ensino e aprendizagem abre espaço para a inclusão de vários tipos físicos, inclusive aqueles fora do conceito-padrão (pessoas com alguma limitação física e deficiência mental, por exemplo). Dai decorrem discussões contemporâneas sobre o conceito de “corpo ideal” para dança. No conceito holístico o “corpo ideal” pode ser apenas uma mera ideia, sendo ela esboçada psiquicamente através da compreensão corporal do individuo em sua totalidade alcançada de acordo com a própria concepção de si mesmo. Seria algo mais filosófico do que propriamente físico, pois a mente não está desmembrada do corpo, que não esta desmembrada da Alma.

Há de se compreender o corpo ativo como sendo um conjunto capaz de expressar o que se opera dentro deste, seja pensamentos, desejos, formas de expressividade através do canal artístico. Porém, essa abertura é flexionada através do exercício continuo que o corpo artístico requer, daí a percepção corpo, alma e mente espelhado no conceito holístico.

Eu, enquanto artista interprete e criativa da cena, reconheço essa abordagem como sendo válida, pois transitamos em diversos campos de energia criativa e cabe ao artista afinar sua ferramenta de trabalho: seu corpo na totalidade psicofísica, pois através desse desenvolvimento alcançamos as diversas manifestações que o corpo em estado de atenção contínua (que não necessariamente refiro-me a atenção física, mas também a atenção psíquica de observação) necessita exercitar para o fluir de suas capacidades.

02 de abril de 2012.