segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TEXTO Nº 03 - Katiuscia


ESCOLA DE TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira



O Desenrolar do Sono...

Então o jardim adormecia e aos poucos os diversos galhos iniciavam uma travessia para que as folhas pudessem deslocar-se de galho para galho em diferentes direções, ora escorregavam, ora rolavam-se e torciam-se. Ao descobrirem o enigma, tudo ficava para dentro de si apenas. Entretanto, em outro momento da viagem, as folhas dos galhos puderam-se tocar e reconhecerem-se através de outras cores. Respiravam no outro e pelo outro, estavam uns nos outros agora; e a serpente caminhava pela diagonal, própria aos invertebrados...

Quando a semente ainda dormia no subsolo, o aquecimento frontal fervilhava nas ancas das terras. E o vento marinho começava a aproximar-se dos pulmões da terra pela superfície: precipitou-se um esboço de redemoinho e este veio a formar-se precisamente muitas horas depois. A poeira eriçava-se! A tempestade desabava ferozmente derramando sobre o chão, inúmeros raios de eletricidade. Todo o lugar ficou em alerta físico, e os pensamentos fluíam com aquelas descargas frenéticas da tempestade de raios.

Duas raças diferentes estavam por se comunicarem. E isso aconteceria através dos olhos e das mãos umas nas outras – um eclipse. E o céu inundou-se de lentidão, e eu pude caminhar pausadamente e ver coisas que a velocidade nunca me deixava ver antes. Mergulhei nos oceanos... meu corpo feito de eletricidade dos céus e das tempestades secava os mares. Mas meu corpo continuava cada vez mais quente e velozmente eletrocutado. E ninguém conseguia tocar em mim...

Quando silenciou lá fora, com o céu em negrito, a luz que sobrevinha de minhas flores eram tão radiantes que cegavam todos e ninguém nem me via ou saberia que uma árvore estivesse nascendo sobre as terras aventureiras daquelas nações erguidas sobre o mundo. Mas seria aquela energia que estabeleceria a comunicação através de uma única palavra e sentimento: LIBERDADE. Não havia mais hemisférios. O que antes era mundo conhecido, agora estava sendo remodelado, como um catarro viscoso descolando-se dos pulmões antes doentes, agora em chamas.

Seu liquido evaporava-se pelo calor interno, desse modo o que era folha escorregando-se de galho para galho, tornava-se um enigmático vaga-lume a voar pelo nevoeiro. Quem via, via... quem não via, achava que fosse uma miragem apenas. Essa foi a passagem secreta que atravessei rastejando; crescendo e encolhendo; escorregando de mãos em mãos. No fim desta permaneci diversos dias em eletricidade, a serpente subia e descia vagarosamente pelo meu tronco, despejando o líquido em minhas raízes, fertilizando meu Todo.


09 de abril de 2012
23:08h

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