ESCOLA DE
TEATRO E DANÇA DA UFPA.
GRUPO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira
O
Desenrolar do Sono...
Então
o jardim adormecia e aos poucos os diversos galhos iniciavam uma travessia para
que as folhas pudessem deslocar-se de galho para galho em diferentes direções,
ora escorregavam, ora rolavam-se e torciam-se. Ao descobrirem o enigma, tudo
ficava para dentro de si apenas. Entretanto, em outro momento da viagem, as
folhas dos galhos puderam-se tocar e reconhecerem-se através de outras cores.
Respiravam no outro e pelo outro, estavam uns nos outros agora; e a serpente
caminhava pela diagonal, própria aos invertebrados...
Quando
a semente ainda dormia no subsolo, o aquecimento frontal fervilhava nas ancas
das terras. E o vento marinho começava a aproximar-se dos pulmões da terra pela
superfície: precipitou-se um esboço de redemoinho e este veio a formar-se
precisamente muitas horas depois. A poeira eriçava-se! A tempestade desabava
ferozmente derramando sobre o chão, inúmeros raios de eletricidade. Todo o
lugar ficou em alerta físico, e os pensamentos fluíam com aquelas descargas
frenéticas da tempestade de raios.
Duas
raças diferentes estavam por se comunicarem. E isso aconteceria através dos
olhos e das mãos umas nas outras – um eclipse. E o céu inundou-se de lentidão,
e eu pude caminhar pausadamente e ver coisas que a velocidade nunca me deixava
ver antes. Mergulhei nos oceanos... meu corpo feito de eletricidade dos céus e
das tempestades secava os mares. Mas meu corpo continuava cada vez mais quente
e velozmente eletrocutado. E ninguém conseguia tocar em mim...
Quando
silenciou lá fora, com o céu em negrito, a luz que sobrevinha de minhas flores
eram tão radiantes que cegavam todos e ninguém nem me via ou saberia que uma
árvore estivesse nascendo sobre as terras aventureiras daquelas nações erguidas
sobre o mundo. Mas seria aquela energia que estabeleceria a comunicação através
de uma única palavra e sentimento: LIBERDADE. Não havia mais hemisférios. O que
antes era mundo conhecido, agora estava sendo remodelado, como um catarro
viscoso descolando-se dos pulmões antes doentes, agora em chamas.
Seu
liquido evaporava-se pelo calor interno, desse modo o que era folha
escorregando-se de galho para galho, tornava-se um enigmático vaga-lume a voar
pelo nevoeiro. Quem via, via... quem não via, achava que fosse uma miragem
apenas. Essa foi a passagem secreta que atravessei rastejando; crescendo e
encolhendo; escorregando de mãos em mãos. No fim desta permaneci diversos dias
em eletricidade, a serpente subia e descia vagarosamente pelo meu tronco,
despejando o líquido em minhas raízes, fertilizando meu Todo.
09
de abril de 2012
23:08h
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