ESCOLA
DE TEATRO E DANÇA DA UFPA
GRUPO
DE PESQUISA E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO SOMÁTICA NA DANÇA
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira
Coordenação: Profº Mestre Saulo Silveira
O
encontro do dia 23/04/12 iniciou com o grupo organizando, em conjunto, os
tópicos para um futuro seminário sobre a educação somática na prática da dança;
linkamos e dividimos os tópicos entre os participantes; depois
relembramos o assunto do encontro da semana passada. Fomos para a prática.
A
ênfase do relaxamento através da respiração conectada ao movimento do corpo foi
novamente o convite para acessarmos nossa psique através da consciência dos
movimentos, peso do corpo físico e sua relação com a respiração, abrindo
caminho para chegarmos à conexão total.
Através
dos exercícios desse encontro, eu acredito ter alcançado o ápice de meu
relaxamento e fruição momentânea de meu inconsciente dentro das atividades do
grupo. Após retornarmos da finalização dos exercícios práticos eu quis abrir
para o grupo meu relato pessoal, pois realmente foi um relaxamento absoluto,
até sai de meu corpo físico. Eu já havia experimentado tal coisa, porém através
de estímulos diferentes (um foi por hipnose, outros através da pratica de Hatha
Yoga). Entretanto, o que me surpreendeu foi a rapidez com que fluiu esse
desdobramento.
A
seguir vou relatar o passo-a-passo do que eu senti após a prática dos
exercícios físicos:
a) Relaxamento e bem-estar a nível físico (corporal).
b) Conexão com o impacto físico dos movimentos
anteriores (respiração e movimento do corpo), com a sensação (emoção) percebida
pela compreensão cerebral (razão). Posso dizer que nesse estágio eu comungava a
consciência total de mim.
c) Desprendimento de minha mente do meu corpo físico,
entretanto eu continuava conectada e consciente de meu corpo físico deitado ao
chão, mas eu permanecia em outra esfera de consciência, algo fora de meu
involucro físico.
d) Não respondia aos comandos de profº Saulo, pois a
sensação de bem-estar era maior do que a vontade de me mexer. Entretanto eu
acompanhava todos os comandos através da audição, e não sei bem, mas mesmo de
olhos fechados eu “via” meus colegas realizando os comandos que profº Saulo
lhes dava.
e)
Expansão de meu corpo físico a nível mental: sentia-me leve e ao mesmo tempo
sentia-me totalmente ao solo da sala de aula, entretanto não era uma sensação
comum entre massa x peso, e sim uma relação consciência do que eu sentia em
relação a meu corpo. A razão me situava deitada ao chão com todo peso inerente
à ação da atmosfera, mas minha psique me fazia sentir leve e expandir meu corpo
como uma neblina suave e espessa que enchia toda a sala. Sentia como se minha
massa corporal aumentasse, não como que engordando e ficando pesada, mas como
se eu fosse uma espuma leve dessas de banheira que vai aumentando e preenchendo
o espaço. Era uma sensação de bem-estar completa. Sentia-me em estado de
felicidade interior.
Entretanto,
houve um comando que profº Saulo proferiu que me fez ficar mais atenta. Ele nos
pediu para ouvirmos nosso coração. Compreendi a metáfora para escutarmos nossas
emoções... eis o ponto! Carrego imensa dificuldade de acessar meus sentimentos
para as relações interpessoais mais intimas, reconheço que isso é devido ao
histórico que carrego sobre o assunto: encontros ruins, péssimas lembranças,
homens confusos, caos emocional, etc... realmente “ouvir meu coração” numa hora
dessas é o mesmo que me pedirem algo do tipo: “pegue seu coração e o entregue
ao primeiro canalha para ele massacra-lo novamente...”, automaticamente eu fico
em “Alerta Vermelho”!
Durante
algum tempo de minha vida eu estava desconectada de mim mesma. Eu sentia algo,
mas demonstrava o inverso do que eu realmente sentia, e ainda pensava algo
diferente do que sentia e demonstrava... ou seja, eu estava em pleno caos
emocional e inconsciente de mim mesma. Atravessei um inferno em busca de
equilíbrio, isso durou uns sete anos. Atualmente estou bem melhor e já consigo
perceber certas coisas, porém, o pomo da discórdia ainda continua sendo meus
sentimentos.
Normalmente
eu os sinto (os sentimentos), os identifico e procuro agir e pensar conforme o
que eles me mostram ser a harmonia interna. Mas quando se trata de eu “baixar
guarda” vem o “Alerta Vermelho”. Ainda sinto medo de me relacionar com o sexo
oposto. Sofri muito em relacionamentos problemáticos, e atualmente eu procuro
dedicar-me mais aos assuntos vinculados à trabalho e à minha criação artística.
Sei que isso não basta, e meu coração se manifesta, como atualmente vem
acontecendo. Ainda assim, existe a opção da escolha: já consigo compreender a
coerência entre o sentir e o agir; o sentir e deixar fluir e arcar com as
consequências; e o sentir e procurar racionalizar isso para não me causar
maiores danos mais a frente por uma escolha por impulso. Costumo observar
bastante para não tomar nenhuma medida precipitada. Realmente ouvir meu coração
é algo que não consigo deixar acontecer plenamente.
E
como eu acredito que nada na vida acontece em por acaso, as aulas desse grupo
de estudo estão em perfeita conexão com o que eu vivo na vida particular
atualmente... Os exercícios práticos dos encontros sobre a educação somática
estão reverberando, sobretudo, em minhas relações interpessoais cotidianas, que
por sua vez repercute em minha produção artística e também com a manutenção de
meu bem-estar e qualidade de vida.
Interessante
sobre isso é linkar com o que discutimos no grupo no encontro passado acerca do
texto Corpo Livre e Corpo Possuído, no que consiste à “couraça
corporal”. Ainda há essa camada revestindo meu coração. Preciso confiar no
outro, entretanto preciso me sentir segura para descartar essa camada ainda
existente para meu coração voar e ser feliz plenamente como acho que qualquer
pessoa deve ter a chance. Quando procurei conhecer o grupo de estudo de profº
Saulo não foi com essa finalidade, porem é onde os exercícios práticos estão
repercutindo mais. Preciso me libertar dessas lembranças ruins e traumáticas
para acessar esferas de consciência corporal e psíquica que desobstruam os
canais energéticos de uma vez por todas para meu corpo alcançar e manter sua
totalidade. Precisava de ajuda, e o Universo conspira a favor. Preciso
deixar-me apaixonar... mas que seja de forma integral e plena. Às vezes sinto
como se a Vida estivesse me dando a chance de nascer de novo em diversas
lembranças que revisito. Algo como redesenhar minha história para melhor e mais
feliz.
25
de abril de 2012
23h39
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